Santinhos lendo

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O homem que levará a paz à Câmara


Por Luciana Rosa.

Vida de estudante de jornalismo é sempre uma correria, a gente volta das aulas já pensando no que pode fazer para aproveitar o horário comercial e capturar áudios, vídeos, telefones, contatos...
Saltei de um Universidade praticamente dentro de uma Igreja Universal, localizada no antigo prédio de uma daqueles cinemas charmosos, do tempo em que Fred Aster ainda era o grande artista e Marlon Brando um galã. Bons tempos.
Na Santa Maria de 2008, o prédio do antigo cinema abriga apenas fiéis e pastores a esperar por seu rebanho na porta de entrada, lá cometi a gafe:
- Olá, sou Luciana, estudante de jornalismo. Procuro por Jorge Ricardo [estendendo a mão]
- Muito prazer, Jorge Ricardo.[me estendendo a mão de volta]
Depois dessa, só o que me restou fazer foi pedir o numero de telefone de Jorge, e marcar a entrevista para uma outra ocasião.
Sexta-feira, por volta das 17h00min, entrei no templo da Fé, um pouco atrapalhada, perguntando pelo pastor e explicado a minha presença. Logo fui interpelada por um dos obreiros, que parecia desconfiado com minha aparência andrógena, ao menos é essa a única explicação plausível para que ele me olhasse daquela maneira.
Não demorou muito para que outros obreiros escoltassem Jorge até mim. Desconfiado, ele me fez lhe dizer tudo o que perguntaria para que eu pudesse gravar nossa conversa. Por fim, o resultado está neste post.

Quem é Jorge Ricardo?

Jorge entrou na política por determinação da Igreja Universal – ele é pastor há vinte anos – pois sendo ele um servo de Deus e da Igreja, não necessariamente nessa ordem, e a Igreja precisando de homens que a representem no poder seu nome foi indicado para concorrer a uma vaga na câmara.

O vereador pastor me disse que em função dos massacres sofridos pela Igreja e de leis que são criadas e acabam prejudicando a instituição sagrada, os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus acreditam ser importante estar inserido na política.

A base das propostas de Jorge Ricardo está ligada às ações sociais, que já eram desenvolvidas em seu exercício da fé. Segundo ele, a Igreja Universal realiza freqüentemente eventos como distribuição de cachorro-quente e outras atividades com comunidades carentes de Santa Maria. Ele diz já ter participado desse tipo de ação nos bairros Camobí, Tancredo Neves, Salgado Filho entre outras localidades. Os recursos para sua realização são recolhidos entre os fiéis, seja em espécie, seja em mão-de-obra.

Jorge acredita que seu mandato de vereador só trará contribuições ao seu trabalho como pastor benfeitor. Para Jorge as responsabilidades aumentarão, mas também os recursos para que seja possível ajudar um número cada vez maior de pessoas. Ele diz que a Igreja é uma instituição que ajuda as pessoas, que faz com que elas saiam das drogas, que leva não só o alimento, mas o conforto a alma daqueles que precisam.Portanto, a câmara será apenas um instrumento para que Jorge continue exercendo o trabalho de ajudar os necessitados. Em função de seu posto de servo de Deus, seu tempo se dividirá entre as duas funções.

Questionado a respeito de sua posição em relação ao possível aumento no salário de vereador, Jorge declara ser difícil se posicionar mas complementa: “A bíblia fala que a pessoa que trabalhou, lutou, se esforçou , se dedicou, ela é digna do seu salário, então a população deve julgar se ele é merecedor ou não.”

O pastor vereador não demonstra estar descontente com a nova composição da Câmara, ele acredita que todos aqueles que lutaram para estar ali farão jus ao número de votos que receberam. Quanto a ter algum tipo de problema de relacionamento por ser pastor e novo no mundo político, ele me diz não estar com medo, afinal ele é um mensageiro de Deus, um enviado que estará ali para ajudar, para levar a paz a todas as situações.

Mostrei a Jorge as diferenças dos montantes arrecadados e gastos durante a sua campanha, encontrado no site do TRE do Rio Grande do Sul http://www3.tse.gov.br/sadEleicaoDivulgaCand2008/, e lhe perguntei se ele sabia o que era feito com a diferença. O pastor não demonstrou ter muito conhecimento a respeito do destino dado a esse dinheiro, apenas me disse que provavelmente tudo seria doado.

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