Santinhos lendo

sábado, 15 de novembro de 2008

Era uma vez um vereador que pouco fala




Por Gabrielli Dala Vechia


A dificuldade de conversar com Paulo Denardin foi diretamente proporcional às trocas que ocorreram na linearidade do Blog. Os assessores me diziam para que eu fosse até eles, terças ou quintas, e esperasse "que ele atendia a todo mundo". Desconfiei. Insisti em inacabáveis telefonemas até ouvir a tão esperada voz confirmar o encontro.

Entrei na sala desconfortavelmente, pois a manutenção do site da Câmara impediu que eu conhecesse a figura que entrevistaria; o que me restou foi sorrir e estender a mão para todos que entrassem. Não que esta prática fosse novidade naquele ambiente, muito pelo contrário.

A sala 14, que fica no segundo andar da Câmara, é extremamente clara e organizada. Nenhum papel fora do lugar, nenhum cartaz quebrando a brancura das paredes. Da mesma forma é seu ocupante sazonal: pontual, centrado e objetivo nas suas respostas. Digo que Paulo Denardin, vereador eleito pelo Partido Progressista para a próxima legislatura, é presença esporádica na câmara porque no atual mandato três votos fizeram com que ele ficasse na suplência. Apesar disso, assumiu a cadeira de Jorge Pozzobon por uma tríade de vezes, sendo que a última dura desde março deste ano em função deste passar a exercer o cargo de secretário adjunto da Secretaria-Geral do Governo Yeda. Médico veterinário por formação e político por vocação (ou seria votação?), Denardin iniciou sua carreira pública em 1984, na secretaria de produção, indústria e comércio, quando o líder do executivo era Farret. No mandato seguinte, quando a prefeitura de Santa Maria estava sob o comando de Evandro Behr, o atual vereador trabalhou na secretaria de produção, indústria e comércio, assumindo-a no último ano. Já a vereança iniciou com uma eleição em 1992, na primeira candidatura, e só veio a ser interrompida em 2004.

A campanha vitoriosa, que fez com que ele volte a ser vereador efetivo a partir do ano que vem, arrecadou R$ 18.600,00 e teve gastos no montante de R$ 13.800,00, de acordo com o TSE, e foi definida por Denardin como "boa, mas não muito dispendiosa". As propostas foram pautadas pelo crescimento econômico aliado ao desenvolvimento social. Melhorar as estradas para ajudar a escoar a produção, apoiar empresas para gerar novas oportunidades de trabalho e dar apoio às pessoas que estão à margem deste progresso são os exemplos que ele oferece para explicar seu abrangente plano de campanha.

No seu cotidiano como vereador em exercício, Paulo Denardin combina o emprego de responsável técnico por três abatedouros, trabalho voluntário no criadouro São Braz bem como no abrigo espírita Oscar Pithan com o cargo público. Quando questionado sobre o salário que recebe por este último, ele é enfático: "É um bom salário e ponto final". Tudo bem, não falemos mais sobre o asssunto.

Sobre a nova composição da câmara, o vereador não consegue fugir do clichê, após uma eleição onde apenas quatro membros do legislativo foram reeleitos: " o povo quer mudança". As expectativas, porém, são as melhores dado o mosaico partidário que se formou, sendo somente quatro petistas e um representante do PRB, o pastor Jorge que formariam a oposição, apesar Paulo Denardin questionar o posicionamento deste.

A meia hora que ele havia destinado a mim estava nos minutos derradeiros e ele já havia respondido a todas as minhas perguntas; além disso, a plenária começaria em breve. Ao sair, em meio a cumprimentos formais, me deparo com uma foto de Denardin ocupando toda uma parede do recinto. Espero que meus sorrisos e apertos de mão não tenham sido vãos.

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